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2014-08-18 - Missão em Angola - Filomena Amorim e Francisca Martinho"

Missão em África

de 18 de julho a 18 de agosto de 2014

Tínhamos um sonho: o de ir a África.

Como turistas? Não… como voluntárias, mais precisamente, como “volunturistas” porque sabíamos que ninguém vai a África e fica insensível perante a sua beleza, os seus cheiros, a sua cultura, o seu clima, o seu pôr-do-sol… enfim, África é uma inesquecível mistura de sensações, de sentimentos!

Tudo foi preparado e conseguido a partir do trabalho de voluntariado no Lar Rosa Santos, portanto com a preciosa colaboração das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, as Irmãs Lucília e Cândida. Na realidade, mais uma vez sentimos, e de que maneira, o valor da Dádiva, o verdadeiro valor do “Dar, Receber, Retribuir” gratuitamente.

A nossa postura foi somente a de Dádiva, a de uns e a de outros.

E como o sentimos também em Angola.

Mais uma vez, foram as Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima que nos acolheram, nas recentes instalações do CIP (Centro Infantil “Os Pastorinhos”).

Fomos admiravelmente recebidas pelas Irmãs Lídia, Lourdes e Maria. Tivemos o domingo para descansar e conhecer um pouco de Benguela (até nisso as Irmãs foram incansáveis!) e logo na segunda-feira, bem cedo, as crianças começaram a chegar. Deram-nos as boas vindas, juntamente com as Irmãs e restantes funcionárias do CIP.

Só as crianças sabem receber assim, com toda a sua genuína alegria.

Ao longo dos dias, fomo-nos conhecendo e trocando os nossos saberes e os nossos hábitos. Demos formação, no início de cada manhã, às Educadoras e Auxiliares para que melhor compreendessem o valor da educação pré-escolar.

Trabalhamos com o grupo de jovens, dando catequese e formação na área do português pois têm bastantes lacunas. Todos os momentos foram aproveitados ao minuto porque o mês passou rapidamente e, à medida que os dias foram passando, cada vez nos apercebíamos mais do muito que podiamos fazer.

Demos explicações, diariamente, a algumas crianças e jovens com mais dificuldades na escola. Ensinamos a ler e a escrever várias crianças com quem trabalhamos. Só por essas, já valia a pena termos estado no Bairro de Seta Nova, em Benguela…

Mas não valeu a pena só por essas crianças, valeu pelas muitas pessoas com quem trabalhamos, quer no CIP, quer na Quase Paróquia de Santa Bakhita, quer ainda na comunidade em geral com quem estabelecemos ligação e criamos afetos.

E que alegria participar nas maravilhosas missas, apesar de serem bastante cedo e ao ar livre. A “igreja” (e também escola) de Santa Bakhita tem só umas placas a cobrir o altar de pedra e a imagem de Santa Josefina Bakhita. As missas são de tal maneira alegres e vividas que perdíamos a noção do tempo. Todos cantam, todos dançam. Todos oram e sorriem.

A igreja/escola de Santa Bakhita, assim como o CIP foram beneficiados recentemente de melhores acessos, com estradas alcatroadas pois, até há bem pouco tempo, todos os acessos eram em terra batida, imbuídos de uma poeirada enorme, com crianças e animais por todo o lado, juntamente com as motas e alguns carros. Só visto!

É uma realidade completamente diferente e que julgávamos já não existir. Mas é um facto, vivenciamo-la e sentimos como é importante aquilo que temos a sorte de possuir quando há tantos outros que tão pouco têm, ao ponto de, quando lhes dávamos um simples rebuçado, eles o receberem com as duas mãos, muito agradecidos e com um olhar inesquecível…

Possuem algo muito importante: um grande coração.

À Congregação da Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, agradecemos esta oportunidade que nos proporcionou. Às Irmãs e a todos com quem vivenciamos este maravilhoso mês, “TWAPANDULA!”*

Filomena Amorim e Francisca Martinho

*obrigada, em “umbundo” – o dialeto daquela região)